Produtores rurais do Rio Grande do Sul se mobilizaram na manhã desta segunda-feira, 17, em pelo menos 15 cidades gaúchas, convocados pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) e movimento SOS Agro, em ato simultâneo chamado de “Estiagem, endividamento rural e Proagro”.
Na região, o encontro aconteceu em Passo do Sobrado, debaixo de chuva, mobilizando centenas de produtores e lideranças.
Num primeiro momento, o prefeito de Passo do Sobrado, Edgar Thiesen, falou aos produtores, junto com a coordenação do movimento na cidade. O presidente da AFUBRA, Marcilio Drescher, e o tesoureiro da entidade, Fabricio Murini, acompanharam o encontro que iniciou no salão paroquial de Passo do Sobrado. Drescher atendeu a imprensa neste momento. Confira.
Após o pronunciamento dos organizadores, os manifestantes seguiram em caminhada e tratores para fazer uma entrega simbólica da pauta de reinvindicações às agências do Banco do Brasil, Banrisul e do Sicredi. Entoando o grito “agricultor na rua, governo a culpa é tua”, o grupo foi recebido pelos gerentes das agências, que se solidarizaram com a manifestação.



Heitor Petry, presidente do SICREDI Vale do Rio Pardo, fez questão de subir ao carro de som, local em que a coordenação do movimento ocupava, para falar aos produtores. Acompanhe no vídeo.
Após a entrega da pauta de reivindicações às agências, o grupo retornou ao salão paroquial para acompanhar os desdobramentos das manifestações que aconteciam em todo o RS.
PORTO ALEGRE
Em Porto Alegre, a sede da Fetag abriu suas portas para receber o governador do Estado, Eduardo Leite, o presidente da Assembleia Legislativa, Pepe Vargas (PT), senadores, deputados federais e estaduais, representantes de ministérios, secretários estaduais, dirigentes de entidades do agro e da sociedade civil. Os encontros na Capital e no interior constituíram, antes de tudo, um pedido de socorro diante de dificuldades financeiras enfrentadas pelos produtores, em razão de fenômenos climáticos, e de restrições na execução do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), decorrentes de resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN).
“Essa não é uma pauta apenas da Fetag. É uma pauta de todos os agricultores do Rio Grande do Sul”, disse o presidente da federação, Carlos Joel da Silva.
De acordo com a Fetag, pelo menos sete resoluções do CMN, publicadas entre junho de 2023 e dezembro de 2024, reduzem em até 85% a cobertura do Proagro.
“O Proagro é indispensável. Se não fosse o programa, nossa agricultura estaria muito pior do que está”, complementou Carlos Joel. O presidente listou as reivindicações a serem encaminhadas ao governo federal, salientando que “a pauta ainda não foi arredondada com a Farsul” (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul).
REIVINDICAÇÕES
Em âmbito regional, conforme a manifestação de hoje no Passo do Sobrado, a pauta de reivindicações do movimento era a seguinte:
- Prorrogação automática das operações de crédito rural vinculadas ao Pronaf e ao Pronamp por 120 dias;
- Revogação de todas as resoluções que limitam e reduzem a cobertura do Proagro, impedem o enquadramento pelo CAR e inviabilizam a contratação do programa pelos agricultores;
- Contagem dos anos para o teto de corte de acesso ao Proagro a partir da data da publicação da resolução CMN n° 5.085, de 29 de junho de 2023;
- Implementação do desenrola rural para operações de crédito vencidas e vincendas vinculadas ao Pronaf e ao Pronamp com previsão de rebate e prorrogação;
- Implementação de prorrogação das operações de crédito vinculadas ao Pronaf e ao Pronamp com prazo para liquidação de no mínimo 12 anos com 2 anos de carência, com taxas de juros para o Pronaf de 4% e Pronamp 6%;
- Liberação de recursos da linha especial do BNDES para atender os agricultores ligados as cooperativas e cerealistas que não foram atendidos em 2024;
- Efetivação do fundo de catástrofes com recursos do Governo Federal e do Governo Estadual para amparar os agricultores frente a extremos climáticos;
- Apoio aos Projetos de Lei prioritários que tratam da revogação das resoluções que inviabilizaram o Proagro e a securitização de 20 anos para as dívidas acumuladas.
- Anistia das parcelas do Programa troca-troca de milho e Programa forrageiras.
Outras quatro iniciativas, classificadas como “estruturantes” pela federação, pedem “mais investimento em pesquisa, tecnologia e assistência técnica” e criação de programas “de armazenagem de água e irrigação com licenciamento ambiental nos municípios; de manejo e conservação do solo e da água; e de melhoramento da infraestrutura de energia elétrica”.
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